Marat Sade

br
00:00:18 A PERSUAÇÃO E O ASSASSINATO
00:00:22 ...COMO FOI REPRESENTADA
00:00:26 ...DO MANICÔMIO DE CHARENTON...
00:00:29 ...COM A DIREÇÃO...
00:00:31 ...DO MARQUES DE SADE
00:04:09 Como diretor da clínica de Charenton...
00:04:12 ...gostaria de dar as boas-vindas
00:04:15 A um dos residentes devemos
00:04:17 Monsieu de Sade...
00:04:19 ...que escreveu e produziu esta obra
00:04:22 ...e para a reabilitação
00:04:26 Pedimos que sejam pacientes...
00:04:28 ...com um elenco que jamais atuou
00:04:32 ...mas cada interno, asseguro a vocês,
00:04:37 Somos modernos, iluminados...
00:04:39 ...e não aceitamos trancar os pacientes.
00:04:42 preferimos a terapia através
00:04:47 ...Para que o hospital cumpra o seu papel...
00:04:49 ...seguimos fielmente, na nossa opinião...
00:04:52 ...a declaração dos direitos humanos.
00:04:54 Creio, como o autor,
00:04:57 ...encenada no nosso moderno
00:05:01 ...por todos esses instrumentos
00:05:05 Muito pelo contrário,
00:05:08 ...em sua obra, Marques de Sade
00:05:11 ...mostrar como Jean-Paul Marat
00:05:15 ...antes que Charlotte Corday foi
00:05:35 Distintíssimos visitantes,
00:05:40 Recordem do maior estrondo
00:05:43 ...essas vitórias douradas,
00:05:48 A força que aniquilou
00:05:51 ...nesse terremoto mundial:
00:05:58 Ninguém de nós conheceu um
00:06:02 ...que Marat. Mas era ele amigo
00:06:06 Escritor de livros
00:06:09 ...ou o maior carniceiro da sua época?
00:06:13 Marat, o bom ou o mal?
00:06:17 Escutemos Marat debater com Sade.
00:06:21 Dois campões lutando
00:06:25 Quem elegeremos o vencedor?
00:06:30 Aqui está Marat,
00:06:35 Tem uma venda ao redor da cabeça.
00:06:38 Sua pele arde, esta amarela como um queijo...
00:06:41 ...porque está desfigurada
00:06:45 Só a água, esfriando cada membro...
00:06:52 ...evita que a febre o consuma.
00:06:56 Para este papel tão importante,
00:07:01 Um que demonstrou avanços sem
00:07:05 ...começamos a hidroterapia.
00:07:09 Ela estava com ele no final de seus dias.
00:07:14 Simonne Evrard, sua fiel companheira.
00:07:20 Aquí está Charlotte Corday,
00:07:24 Uma garota do campo.
00:07:30 Por desgraça, a moça que a interpreta...
00:07:32 ...sofre da doença do sono,
00:07:36 Nossa esperança
00:07:39 ...e que não se esqueça do seu papel.
00:07:44 Seu amigo é Monsieur Duperret.
00:07:50 O ator é bom,
00:07:57 Um dos nossos mais brilhantes
00:08:01 Encarcerado por ter sempre radicais
00:08:06 ...um antigo sacerdote, Jacques Roux...
00:08:10 ...partidário da revolução de Marat.
00:08:13 Mas por desgraça, os censores cortaram
00:08:17 Para os guardiões da moral eram
00:08:20 Eu incrimino...
00:08:24 e agora, nossos cantores: Cucurucu.
00:08:29 Polpoch.
00:08:32 Kokol.
00:08:35 E quem não vive nas ruas: Rossignol.
00:08:42 Agora, conheçam este cavaleiro
00:08:45 ...que se rebaixou da estrela da notoriedade
00:08:50 Devemos este espetáculo
00:08:53 o antigo Marqués, Monsieur de Sade...
00:08:55 ...cujos livros foram proíbidos,
00:08:58 ...que ainda foi julgado
00:09:00 ...e encarcerado e por alguns anos, exilado.
00:09:07 A introdução terminou. Agora podem
00:09:13 Esta noite,
00:09:17 E esta noite, nosso elenco promete...
00:09:20 ...mostrar como há 15 anos...
00:09:23 ...uma noite sem fim
00:09:26 ...este inválido...
00:09:28 ...e vocês o verão sangrar.
00:09:31 E verão esta mulher,
00:09:34 ...usando uma adaga
00:09:38 Uma homenagem a Marat!
00:09:49 "Quatro anos depois da revolução
00:09:53 "Quatro anos depois, me lembro como
00:10:05 "Todos os aristocratas à forca
00:10:08 "Expulsem os sacerdotes,
00:10:16 "Quatro anos depois que começamos
00:10:20 "Quando anos depois da tomada da
00:10:32 "Abaixo toda a classe governante
00:10:35 "Expulsem todos os generais
00:10:39 Longa vida à Revolução!
00:10:42 Não cavaremos nossas próprias fossas!
00:10:45 Marat, precisa de comida e roupa.
00:10:48 Estamos cansados de trabalhar
00:10:51 Precisamos de pão mais barato..
00:10:56 Com essas folhas te coroamos...
00:10:58 ...pois não encontramos o loiro...
00:11:00 Todos os loiros foram usados para ornar
00:11:04 E suas cabeças são enormes!
00:11:07 "Querido Marat,
00:11:12 "Mas é o único em que podemos confiar"
00:11:20 Não toque nas feridas ou
00:11:24 "Quatro anos batalhando
00:11:28 "E descobriu outros traidores além
00:11:32 "Marat no tribunal, Marat debaixo da terra
00:11:36 "Algumas vezes a preza, outras
00:11:39 "Lutamos contra a igreja
00:11:43 "Os empressários,
00:11:47 "Marat sempre estava disposto
00:11:50 "Dos filhos de lambe-saco
00:11:54 "Temos novos generais,
00:11:57 "Se sentam e discutem e a única
00:12:01 "é vender seus próprios colegas
00:12:05 "ou encarcerá-los ou arruiná-los
00:12:08 "Gritando em um idioma
00:12:12 "Sobre os direitos que conseguimos
00:12:16 "Quando acabamos com os chefes
00:12:19 "Da prisão que nos disse que nos seguiria
00:12:24 "Marat, somos pobres
00:12:29 "E os pobres, pobres seguirão
00:12:33 "Marat, nós não podemos
00:12:37 "Esperar mais
00:12:42 "Queremos nossos direitos
00:12:46 "E não nos importa como
00:12:50 "Queremos nossa revolução
00:12:55 "agora"
00:13:00 A revolução...
00:13:02 ...veio e se foi...
00:13:04 ...e a instabilidade foi destruída
00:13:10 Quem controla os mercados?
00:13:13 Quem tem os bens dos palácios?
00:13:16 Quem ficou com as terras que
00:13:20 Quem nos mantêm prisioneiros?
00:13:23 Quem nos encarcerou?
00:13:25 Todos somos normais
00:13:29 Liberdade.
00:13:45 Monsieur de Sade...
00:13:47 ...conforme parece devo apontar
00:13:50 O que acontecerá se já no começo de
00:13:53 ...os pacientes estão alterados?
00:13:55 Você deve manter sua obra
00:13:58 Os tempos mudaram, são diferentes.
00:14:01 E hoje deveríamos julgar de forma objetiva
00:14:04 São parte da história.
00:14:06 E a história, devo adiantar...
00:14:08 ...não é simplesmente o relato
00:14:12 Consideremos em vez disso
00:14:15 As vidas exemplares dos homens
00:14:31 Aqui está Marat, escolhido pela gente...
00:14:34 ...sonhando e escutando
00:14:38 Veja sua mão enrolada
00:14:41 ...e os gritos das ruas
00:14:45 olha um mapa da França,
00:14:50 ...enquanto vocês esperam...
00:14:54 Corday.
00:15:03 Enquanto vocês esperam que
00:15:07 E ninguém pode...
00:15:11 ...alterar isto,
00:15:15 ...ela está de pé
00:15:18 ...disposta e pronta para matar.
00:15:32 Pobre...
00:15:33 ...Marat.
00:15:35 Está em sua banheira, seu corpo encharcado
00:15:41 Os venenos são os choros
00:15:44 ...envenenando a gente,
00:15:50 Marat...
00:15:51 ...eu, Charlotte Corday,
00:15:55 ...onde um grande exército de libertação
00:15:59 ...e venho como a primeira deles...
00:16:03 ...Marat.
00:16:15 "Uma vez ambos
00:16:18 "vimos que o mundo deveria
00:16:21 "Mudar, como lemos
00:16:24 "o grande Rousseau
00:16:27 "Mas mudar significa uma coisa pra você
00:16:32 "e algo um pouco
00:16:38 "As mesmas palavras
00:16:41 "Que ambos dizemos
00:16:44 "Para brotas e explodir nossos ideáis
00:16:49 "Mas meu modo era voraz
00:16:53 "Enquanto o seu levava
00:16:58 "À montanha de mortos
00:17:06 "Uma vez ambos
00:17:08 "Falamos uma mesma língua
00:17:12 "De amor fraternal
00:17:15 "Docemente cantamos
00:17:17 "Mas o amor significa uma coisa a você
00:17:23 "E algo um pouco
00:17:29 "Mas agora me dou conta
00:17:35 "E agora posso ver sua mente
00:17:41 "E então digo que não
00:17:45 "E vou te matar, Marat
00:17:50 "E libertar toda a humanidade"
00:18:17 Simonne!
00:18:19 Mais água fria.
00:18:22 Jean-Paul, não se corte.
00:18:27 Deixa de escrever. Não servirá de nada.
00:18:31 Meu discurso de 14 de julho
00:18:34 Por favor tenha mais cuidado.
00:18:39 O que é uma banheira com sangue
00:18:43 Achamos que
00:18:45 ...logo vimos que milhares eram muito pouco...
00:18:47 ...Hoje não conseguimos contar
00:18:50 Onde está algum de nossos inimigos
00:18:53 Procure por todas as partes.
00:18:55 Aqui estão: nos telhados, nos sotãos,
00:19:00 Dizem estar com o povo,
00:19:03 Se uma casa é assaltada, gritam:
00:19:07 Simonne, minha cabeça está queimando.
00:19:10 Há uma multidão enfurecida dentro de mim.
00:19:17 Eu sou a revolução.
00:19:21 A primeira visita de Corday.
00:19:39 Vim falar com o cidadão Marat.
00:19:41 Tenho uma importante mensagem para dar-lhe
00:19:45 ...onde se está reunindo seus inimigos.
00:19:47 Não queremos visitas.
00:19:50 Queremos um pouco de tranqüilidade.
00:19:54 Se tem algo a dizer à Marat...
00:19:57 ...faça por escrito.
00:20:01 O que tenho a dizer
00:20:14 Eu...
00:20:19 ...quero...
00:20:23 ...estar...
00:20:26 ...diante dele e...
00:20:30 ...olha-lo. Quero...
00:20:33 ...ver seu corpo tremer e sua cara...
00:20:39 ...cubrir-se de suor.
00:20:40 Quero atravessa-lo
00:20:45 ...com um punhal que levo entre meus seios.
00:20:48 Tomar...
00:20:50 ...o punhal...
00:20:52 ...com ambas as mãos e...
00:20:56 ...atravessar-lhe...
00:20:58 ...sua pele e logo escutará o que...
00:21:03 ...tenho a...
00:21:04 ...dizer!
00:21:11 Ainda não, Corday.
00:21:15 Tem que ir à sua porta três vezes.
00:21:27 Canção e pantomima
00:21:41 "Charlotte Corday vindo a nossa cidade
00:21:44 "Escuta o povo falando,
00:21:48 "O cansaço quase a havia vencido
00:21:51 "O cansaço quase a havia vencido
00:21:58 "Charlotte Corday tinha que ser valente
00:22:01 "Ela não podia ficar em hotéis comuns
00:22:04 "Tinha que encontrar um homem
00:22:07 "Tinha que encontrar um homem
00:22:15 "Charlotte Corday passou
00:22:18 "Perfume e maquiagem, talcos e perucas
00:22:21 "Bálsamo para curar úlceras sifilíticas
00:22:24 "Bálsamo para curar úlceras
00:22:33 "Ela viu seu punhal
00:22:35 "Seu cabo era branco
00:22:38 "Entrou na loja
00:22:43 "Quando viu o punhal, o punhal brilhava
00:22:48 "Charlotte viu que era um punhal brilhante
00:22:59 "Quando o homem perguntou:
00:23:04 "Todo o mundo sabia a resposta
00:23:08 "Charlotte sorriu
00:23:29 "Charlotte Corday caminhou sozinha
00:23:33 "Os pássaros de Paris cantavam docemente
00:23:37 "Charlotte caminhou por ruas de pedra
00:23:41 "Através dos cheiros das perfumarias
00:23:45 "Charlotte olhou a gangrena dos mortos
00:23:50 "E ouviu o som da guilhotina
00:23:59 "Não destrua seus sapatinhos bonitos
00:24:04 "O esgoto está cheio de sangue
00:24:08 "'Suba, suba
00:24:11 "'e venha dar uma volta comigo'
00:24:13 "Disse o condutor
00:24:17 "Mas ela não disse nada
00:24:23 "Nunca virou a cabeça
00:24:29 "'Não sujes suas bonitas calças
00:24:34 "'Só vou em uma direção
00:24:39 "'Suba, suba e venha dar
00:24:43 "'Eu não tenho uma carruagem de luxo'
00:24:48 "Mas ela não disse nada
00:24:53 "Não virou a cabeça"
00:25:16 Que tipo de povo é esse?
00:25:21 O sol apenas atravessa a bruma...
00:25:24 ...uma bruma que não é formada
00:25:28 ...sim uma que é densa e quente
00:25:33 Por que estão uivando?
00:25:35 O que estão arrastando nas ruas?
00:25:39 Levam estacas,
00:25:42 Por que saltam? Por que dançam?
00:25:45 Por que riem tanto?
00:25:49 Quais são esses valores
00:25:52 Esses valores com olhos e bocas.
00:25:56 Que tipo de povo é esse?
00:26:01 Nádegas mutiladas atiradas nas ruas.
00:26:05 Quem são todos esses rostos?
00:26:08 Rapidamente estes rostos me rodearam.
00:26:11 Esses olhos e bocas me pediram...
00:26:14 ...que me junte a eles!
00:26:20 Agora está passando e não podem evitá-lo.
00:26:22 O povo não podia aquentar tudo,
00:26:26 Vem sua vingança mas não podem se lembrar
00:26:30 Agora protestam, mas é tarde
00:26:33 O que é o sangue dos aristocratas
00:26:37 Muitos, degolados por seus grupos.
00:26:39 Muitos, mortos mais lentamente
00:26:41 Que sacrifício é esse comparado ao que
00:26:46 O que são algumas mansões saqueadas
00:26:50 A vocês não importa.
00:26:53 Sim exércitos estrangeiros,
00:26:56 ...entram e massacram o povo, precisavam
00:27:00 Quando eles estiverem eliminados, não moveriam
00:27:04 ...que agora estão marcadas
00:27:09 Monsieur de Sade,
00:27:15 Sinceramente não pode chamar
00:27:18 Não está melhorando os meus pacientes.
00:27:23 Antes de tudo,
00:27:26 ...que nossos pacientes
00:27:29 Somente mostramos as pessoas massacra-
00:27:34 Por favor, venham com calma com
00:27:37 ...que eu não posso tolerar.
00:27:39 Os homens desta época,
00:27:42 ...eram primitivos,
00:27:51 A execução dos aristocratas.
00:27:55 Olhe-os, Marat...
00:27:58 ...a estes homens que antes tinham tudo.
00:28:02 Agora que seus prazeres foram
00:28:04 ...a guilhotina os salvará
00:28:09 Agora felizes oferecem suas cabeças
00:28:13 Não é isso o auge da perversão?
00:29:13 A execução do Rei!
00:30:23 Conversa pertencente à
00:30:28 Em um dos livros, de Sade,
00:30:33 ...que a razão da vida
00:30:37 ...e que o único jeito de medir a vida
00:30:44 Correto.
00:30:46 Mas o homem tem dado uma
00:30:51 Cada animal, planta ou homem que morre
00:30:57 ...e se converte em esterco,
00:31:00 ...nada poderia ser criado.
00:31:02 A morte é simplesmente
00:31:06 Cada morte, até a mais cruel...
00:31:09 ...se junta a total indiferença
00:31:12 A natureza seria indiferente...
00:31:15 ...se destruíssimos toda a raça humana.
00:31:24 Ódio à natureza!
00:31:27 Este espectador desapaixonado,
00:31:30 ...que tudo pode suportar.
00:31:32 Isto nos leva a cometer atos
00:31:39 Mas ainda que odeie esta deusa...
00:31:41 ...vejo que os grandes atos da história
00:31:46 A natureza ensina o homem
00:31:51 E se ele deve matar
00:31:55 ...então o assassinato é natural.
00:32:00 Não temos sempre esmagado
00:32:04 Não temos degolado sempre os poderosos
00:32:10 Não temos experimentado
00:32:13 ...antes de aplicar a solução final?
00:32:16 O homem é um destruidor.
00:32:20 Mas se mata e não se tem prazer nisso...
00:32:23 ...é uma máquina.
00:32:25 Deveriam destruir com paixão,
00:32:34 Permitam recordar
00:32:38 ...trás em seu favor a tentativa de
00:32:44 Lembram como morreu Damiens?
00:32:46 Quão delicada é a guilhotina
00:32:52 Durou quatro horas
00:32:56 ...e Casanova, em uma varanda no alto,
00:33:02 Seus pés, braços,
00:33:07 Enfiaram chumbo derretido em cada ferida...
00:33:09 ...Jogaram azeite fervendo sobre ele,
00:33:14 Queimaram suas mãos.
00:33:16 Amarraram cordas em seus braços
00:33:18 ...e logo as ataram e quatro cavalos
00:33:23 Puxaram por uma hora,
00:33:26 ...e não ligaram...
00:33:29 ...de despedaça-lo...
00:33:30 ...mesmo serrando os ombros
00:33:35 Assim que perdeu um braço
00:33:39 E então viu o que estavam fazendo.
00:33:42 Então se virou aos outros e gritou
00:33:48 E quando perdeu a primeira perna
00:33:52 ...ainda vivia.
00:33:56 Ao final quando estava suspenso...
00:33:58 ...um torso sangrento
00:34:01 ...só gemía...
00:34:02 ...e olhava o crucifixo...
00:34:04 ...foi que o padre confessor se aproximou.
00:34:14 Este foi um festival com o qual...
00:34:18 ...os festivais de hoje em dia
00:34:21 Esta nossa inquisição
00:34:25 Agora tudo é oficial.
00:34:27 Condenamos à morte sem emoção.
00:34:31 E não há mortes personalizadas
00:34:36 ...só uma morte anônima e
00:34:38 ...que poderíamos dar a nações inteiras...
00:34:41 ...de forma matemática...
00:34:45 ...desde que chegue a hora
00:34:51 Cidadão Marqués...
00:34:54 ...pode ser o juiz de nossos tribunais.
00:34:57 Tem lutado do nosso lado...
00:34:59 ...quando tiramos dos cárceres
00:35:02 ...contra os outros,
00:35:06 O que chama da indiferença da natureza
00:35:10 A compaixão é propriedade
00:35:15 Quando vêm um mendigo,
00:35:18 Para proteger suas riquezas
00:35:22 E seu presente ao mendigo
00:35:25 Não, Marat.
00:35:29 Seus sentimentos não são insignificantes.
00:35:30 Para você, como para mím...
00:35:33 ...só as ações mais extremas contam.
00:35:36 Se sou extrema,
00:35:41 Contra o silêncio da natureza,
00:35:47 Na vasta indiferença,
00:35:53 Não olho passivamente. Intervenho.
00:35:56 E digo que tem coisas que estão erradas.
00:36:01 E trabalho para mudá-las e melhorá-las!
00:36:04 Porque...
00:36:15 O importante é sobreposto
00:36:20 ...transforma-se...
00:36:23 ...e se vê o mundo
00:36:29 A litúrgia de Marat.
00:37:15 Lembram como era?
00:37:17 Os reis eram nossos queridos pais
00:37:22 E seus gestos eram glorificados
00:37:26 Devotadamente, os simples trabalhadores...
00:37:28 ...transmitíam a lição a seus filhos.
00:37:31 "Os reis são nossos queridos pais
00:37:35 "Debaixo de seus cuidados vivíamos em paz"
00:37:48 E os filhos repetiam a lição.
00:37:51 Sofram!
00:37:52 Sofram como Ele sofreu na cruz,
00:37:56 E quem crê
00:37:59 Assim os pobres, em vez de pão...
00:38:02 ...sobrevivam com a imagem de um Cristo
00:38:05 E rezem a esta imagem
00:38:08 E o padre diziam...
00:38:10 "Levantem as mãos aos céus,
00:38:14 "...suportem o sofrimento sem se queixar,
00:38:18 "...pois a oração e a benção
00:38:21 "...de alcançar o paraíso!"
00:38:29 E assim condenaram os
00:38:32 ...para que não pudessem alcançar
00:38:35 ...que governam em nome da
00:38:41 Monsieur de Sade!
00:38:43 Devo interromper esta discussão.
00:38:56 Admita fazer
00:39:01 Depois de tudo,
00:39:04 ...desde que nosso imperador se rodeia
00:39:08 ...e desde que se tem mostrado
00:39:10 ...que os pobres precisão
00:39:13 Não há duvida que já não se oprime a nada.
00:39:15 Ao contrário,
00:39:19 ...com recolhimento de roupa,
00:39:24 Nesta clínica, não só dependemos da
00:39:28 ...como mais ainda da
00:39:32 ...e em particular do nosso amigo,
00:39:40 Se nossa atuação causa alguma reação...
00:39:43 ...esperamos que traga a
00:39:46 ...e lembrem que mostramos...
00:39:48 ...só as coisas que se passaram
00:39:51 Lembrem-se que as coisas
00:39:53 Além disso,
00:39:56 Rezem!
00:39:58 Rezem ao nosso senhor.
00:40:02 "Satan nosso, que estás no inferno...
00:40:05 "...santificado seja seu nome.
00:40:07 "faça a sua vontade
00:40:11 "Perdoe nossas boas ações
00:40:16 "Leve-nos...
00:40:18 "Leve-nos à tentação...
00:40:21 "...uma e outra vez.
00:40:24 "Amém."
00:40:51 O desafortunado incidente
00:40:55 Foi previsto pelo nosso dramaturgo...
00:40:57 ...que teve que compor essas linhas
00:41:01 Por favor compreendam...
00:41:04 ...este homem foi uma vez...
00:41:05 ...um muito respeitado pároco de um
00:41:09 Deveriam lembrar que, como foi dito...
00:41:13 ...Deus atua como o homem,
00:41:22 Antes de decidir
00:41:27 ...primeiro devemos ver
00:41:32 Eu não me conheço.
00:41:35 E quando descubro algo
00:41:38 ...e tenho que destruí-lo de novo.
00:41:42 Aquilo que fazemos é apenas a sombra
00:41:47 As únicas verdades sustentáveis...
00:41:49 ...são sempre as verdades que mudam
00:41:54 Não sei se sou a vitima ou o carrasco...
00:41:59 ...pois imagino que as mais
00:42:02 ...e mentiras que escrevo,
00:42:08 Não há nada que se possa fazer.
00:42:12 E tudo me enche de horror.
00:42:17 E vejo que outras pessoas
00:42:23 ...e são capazes de atos imprevisíveis.
00:42:26 Há pouco, vi meu alfaiate...
00:42:28 Um homem gentil e educado,
00:42:32 Eu vi, soltando espuma pela boca
00:42:36 ...atacar um homem da Suiça...
00:42:39 Um homem grande, fortemente armado...
00:42:42 E o destruiu por completo.
00:42:46 Eu logo eu o vi abrir o peito
00:42:51 ...tirar seu coração que ainda batia...
00:42:54 ...e o engoliu.
00:42:59 Animal desordenado.
00:43:02 O homem é um animal desordenado.
00:43:06 Tendo mil anos e em meus tempos...
00:43:10 ...ainda está cometendo milhões de
00:43:13 A terra está coberta...
00:43:16 ...com as entranhas
00:43:20 Os poucos sobreviventes...
00:43:25 ...que temos...
00:43:29 ...caminham em cima
00:43:33 ...sempre debaixo de nossos pés
00:43:37 Restos, cinzas,
00:43:42 ...dentes quebrados,
00:43:48 Um animal desordenado.
00:43:51 Sou um animal desordenado.
00:44:03 As prisões não me ajudam.
00:44:06 Escapo...
00:44:09 ...através dos muros...
00:44:10 ...através de todo lodo
00:44:14 Uma noite me verão inteiro!
00:44:19 Tenho planos!
00:44:41 -Inventamos...
00:44:48 Inventamos a revolução...
00:44:52 ...mas não soubemos como dirigi-la.
00:44:54 Vejam...
00:44:56 ...todos querem conservar
00:45:00 ...alguma recordação do
00:45:04 Assim como um homem que decide conservar
00:45:08 ...outro seu cavalo e outro seu jardim.
00:45:12 Este homem conserva suas terras,
00:45:15 Esse, suas fábricas...
00:45:16 ...esse não podia suportar
00:45:19 ...esse conserva seu exército...
00:45:22 ...e esse conserva o seu bastão.
00:45:26 E assim estamos aqui sentados...
00:45:28 ...e nos viciamos na declaração
00:45:31 ...a santidade da propriedade privada.
00:45:35 E agora vemos onde nos leva isso.
00:45:38 Todo homem tem direito de lutar...
00:45:41 ...fraternalmente e em igualdade
00:45:43 Todo homem é seu próprio milionário.
00:45:45 Homem contra homem,
00:45:48 ...num alegre e mútuo assalto.
00:45:51 E os outros...
00:45:53 ...estamos aquí sentados,
00:45:58 E eles crêm
00:46:01 A reação do povo.
00:46:11 "Por que têm eles o ouro?
00:46:13 "Por que têm eles o poder?
00:46:15 "Por que, por que, por que, por que
00:46:18 "têm eles amigos nas altas esferas?
00:46:25 "Por que têm os melhores trabalhos?
00:46:32 "Nós não temos nada,
00:46:36 "Nada além de buracos, milhões deles
00:46:40 "Vivendo em buracos,
00:46:43 "Buracos em nossos estômagos
00:46:47 "Marat, somos pobres
00:46:50 "E os pobres, pobres seguirão
00:46:53 "Marat, nós não podemos
00:46:57 "Esperar mais
00:47:00 "Queremos nossos direitos
00:47:03 "E não nos importa como
00:47:06 "Queremos nossa revolução já"
00:47:15 Observem que facilmente um gesto
00:47:20 ...por sua ignorância a respeito do
00:47:24 Em vez de protestar por algo sem sentido...
00:47:27 ...deveriam se calar, cidadãos.
00:47:29 Trabalhem para os poucos poderosos
00:47:34 O que é melhor parar eles
00:47:40 Damas e cavalheiros, nós gostaríamos de ver
00:47:44 ...uma armônia que, devo dizer,
00:47:49 E agora, nobreza e graça se encontram.
00:47:52 Nosso autos os enfrenta cara a cara.
00:47:54 A bela e valente Charlotte Corday...
00:47:57 ...e nosso arrogante Monsieur Duperret.
00:48:00 Em Caen, onde ela passou
00:48:03 ...em um convento dedicado ao saber
00:48:05 ...onde recomenda o nome de Duperret...
00:48:08 ...como o amigo mais carinhoso
00:48:12 confira sua paixão à inteligência
00:48:16 Seu amor é platônico, não
00:48:21 Querido Duperret, que podemos fazer?
00:48:24 Como podemos deter
00:48:27 Nas ruas, todos dizem
00:48:32 E ainda finge que seu poder de ferro...
00:48:35 ...se relaxará quando o pior acabar...
00:48:38 ...mas nós sabemos
00:48:41 Anarquia e confusão.
00:48:44 Querida Charlotte, deves regressar...
00:48:47 Volte com suas amigas,
00:48:50 ...a viver em oração e contemplação.
00:48:53 Não se pode lutar com o
00:48:56 Fala de Marat,
00:48:59 Um vendedor ambulante, um feirante...
00:49:02 ...um vadio da Córcega...
00:49:06 Perdão, quero dizer Cerdeña.
00:49:09 Marat?
00:49:10 O nome me lembra judeu.
00:49:13 Talvez venha das águas
00:49:17 Mas quem escuta isto de qualquer forma?
00:49:20 Aqui em cima,
00:49:24 Querido...
00:49:26 ...Duperret...
00:49:27 ...Tenta me por à prova, mas...
00:49:31 ...sei o que tenho que fazer.
00:49:35 Duperret...
00:49:38 ...venha a Caen.
00:49:40 Barbaroux e Buzot te esperam lá.
00:49:43 veja agora e viaje depressa.
00:49:45 Não espere até esta noite,
00:49:50 Querida Charlotte, meu lugar é aqui.
00:50:10 E por que deveria correr...?
00:50:15 E por que deveria correr...
00:50:17 ...agora, isto não pode
00:50:20 Os ingleses se esconderam
00:50:23 -Os prussianos tem...
00:50:25 Os espanhóis tomaram Roussillon.
00:50:28 -Paris está...
00:50:30 Mayence está rodeada pelos prussianos.
00:50:33 Condé e Valenciennes
00:50:36 -Os austríacos!
00:50:40 A venda está em pé de guerra.
00:50:44 Estão completamente fanáticos
00:50:47 ...não podem aquentar muito mais.
00:50:50 Não, querida Charlotte, aqui fico...
00:50:52 ...esperando esse dia prometido quando,
00:50:57 ...a França uma vez mais pronuncie
00:51:01 Liberdade!
00:51:14 Acorrentem-no!
00:51:18 Liberdade!
00:51:20 Liberdade. Ouviu isso, Marat?
00:51:24 Todos dizem
00:51:27 "Meu patriotismo é maior do que o seu."
00:51:30 Todos estão prontos para morrer
00:51:34 Moderados ou radicais,
00:51:38 Os liberais pouco apaixonados
00:51:41 ...todos crêm na grandeza da França.
00:51:46 Não pode ver
00:51:51 Faz anos,
00:51:55 E este país não me preocupa
00:52:00 Cuidado com o que diz.
00:52:05 Longa vida à Napoleão e sua nação!
00:52:08 Longa vida à todos os imperadores,
00:52:11 Longa vida ao caldo aguado
00:52:14 Longa vida a Marat.
00:52:16 Longa vida à revolução.
00:52:25 É fácil conseguir
00:52:29 ...em movimentos que seguem
00:52:34 Não creio em idealistas que vão depressa
00:52:38 Não creio em nenhum sacrifício
00:52:45 -Creio somente em mim mesmo.
00:52:53 Derrotamos os velhos tíranos...
00:52:56 ...e agora temos novos tíranos.
00:52:59 Mas ainda assim, creio na revolução.
00:53:02 Os bens foram tomados
00:53:04 ...intermediários, financeiras,
00:53:12 Mas a revolução deve continuar.
00:53:19 "Esses macacos gordos cobertos de dinheiro
00:53:22 "Têm champanhe e brandy em abundância
00:53:25 "Estão até nas sobrancelhas com francos
00:53:28 "Os outros, enchem os narizes de porcaria
00:53:31 "Esses falsos com boca de gorila
00:53:34 "Esperam nos ver podres
00:53:37 "A aristocracia pode ter perdido
00:53:40 "Mas outros perderam
00:53:47 "Revolução
00:53:50 "É má como uma ruína
00:53:53 "Todos eles estão ilesos
00:53:57 "De comida gloriosa
00:54:00 "Não pensam em nada além de foder
00:54:06 "E somos nós
00:54:11 "Que acabamos sempre fodidos"
00:54:16 Levantem suas armas!
00:54:19 Agarrem ao que necessitem
00:54:23 Ou esperem cem anos
00:54:28 Aumentam a depreciação por não termos tido
00:54:33 Servem para o trabalho sujo
00:54:35 ...mas os vêm com asco
00:54:38 Vocês têm que sentar muito ao fundo
00:54:43 É aqui embaixo, na ignorância e no fedor...
00:00:03 ...na qual todos vocês farão
00:00:07 Aí em cima, na luz do sol...
00:00:09 ...seus escritores cantam
00:00:11 E as caras casas
00:00:14 ...estão enfeitadas com quadros magníficos.
00:00:17 Assim que se levantarem,
00:00:20 Levantem-se! Levantem-se diante deles.
00:00:23 Deixem que vejam quantos são vocês.
00:00:26 É necessário que escutemos este tipo de coisa?
00:00:29 Somos cidadãos
00:00:32 Hoje, todos somos revolucionários,
00:00:36 Não podemos permitir isto.
00:00:40 O religioso a quem vêm escutando...
00:00:42 ...é esse célebre padre, Jacques Roux...
00:00:46 ...quem, de acordo com a nova moda religiosa...
00:00:48 ...renunciou ao púlpito
00:00:51 ...protesta nas ruas.
00:00:54 Um sacerdote bem treinado,
00:00:59 Se querem alcançar o paraíso,
00:01:02 ...não é construir a França sobre as nuvens,
00:01:05 A multidão com de suas mãos,
00:01:10 ...mas não o que deve fazer.
00:01:12 Falar é fácil,
00:01:16 Assim Roux decide ser
00:01:20 Parece um bom plano...
00:01:22 ...já que Marat está com o pé no calvário.
00:01:25 E a crucificação,
00:01:28 ...é o modo mais admirável de morrer.
00:01:31 Exigimos que se abram os celeiros
00:01:37 Exigimos a propiedade pública
00:01:41 Exigimos a conversão
00:01:44 ...para que agora, pelo menos...
00:01:46 ...algo útil seja ensinado.
00:01:51 Exigimos que todos façam o possível...
00:01:56 ...para por um fim à guerra...
00:01:58 Esta maldita guerra que serve
00:02:03 ...e para levar a outras guerras.
00:02:08 Exigimos que as pessoas
00:02:11 ...paguem o preço por ela
00:02:16 A idéia de uma vitória gloriosa...
00:02:20 ...obtida por um glorioso exército...
00:02:23 ...deve ser eliminada.
00:02:26 Nenhum lado é glorioso.
00:02:28 Em ambos os lados só há
00:02:34 E todos querem a mesma coisa...
00:02:37 Não estar debaixo da terra...
00:02:40 ...mas sim poder caminhar sobre ela...
00:02:44 ...e sem muletas!
00:02:47 Isto é pacifismo puro e simples.
00:02:49 Neste momento nossos soldados
00:02:52 ...pela liberdade do mundo
00:02:57 Esta cena foi cortada.
00:03:00 Bravo, Jacques Roux!
00:03:04 Gosto muito de sua roupa de monge.
00:03:06 Hoje em dia, é melhor que se pregue a revolução
00:03:10 Vá, Marat, leve seu povo à forca!
00:03:13 Eles estão te esperando. Agora!
00:03:17 Pois a revolução, que a tudo queima
00:03:21 ...não durará mais que um relâmpago...
00:03:27 Monsieur de Sade está derrotado.
00:03:33 Hoje eles necessitam de você
00:03:37 Necessitam de você
00:03:40 Amanhã eles voltarão
00:03:43 ...e dirão: "Marat? Quem era Marat?"
00:03:50 Agora te falarei desta revolução...
00:03:54 ...que ajudei a fazer.
00:03:58 Quando estive na Bastilha
00:04:03 Quando estava na prisão, criava, em minha mente,...
00:04:06 ...monstruosos representantes
00:04:10 Meus gigantes imaginários
00:04:14 E eu também.
00:04:17 E, como eles...
00:04:20 ...deixei que me atassem...
00:04:23 ...e me chicoteassem.
00:04:27 Até hoje...
00:04:28 ...gostaria de tomar esta belezura,
00:04:33 ...e permitir que me batesse...
00:04:36 ...enquanto vos falo da revolução.
00:04:45 A principio, vi na revolução...
00:04:49 ...uma oportunidade para cometer
00:04:52 ...uma orgia, ainda maior
00:04:59 Então vi-me a mim mesmo
00:05:05 ...não como antes, um prisioneiro,
00:05:10 ...vi que não era capaz de entregar
00:05:19 Fiz tudo possível para libertá-lo
00:05:22 Vi que não era capaz de matar...
00:05:26 ...apesar de que o assassinato foi
00:05:29 E agora...
00:05:35 Só em pensar fico aterrorizado.
00:05:39 Em setembro, enquanto via o saque
00:05:43 ...tive de me abaixar no pátio
00:05:46 ...ao ver tornarem-se reais minhas profecias...
00:05:48 ...e as mulheres que corriam
00:05:51 ...genitais masculinos cortados...
00:05:58 Os meses se passavam...
00:06:00 ...e as charretes não paravam
00:06:03 ...e a lâmina caía, subia e
00:06:07 ...a vingança não fazia mais sentido...
00:06:16 Era desumana.
00:06:18 Era enfadonha e curiosamente tecnocrata.
00:06:22 E agora...
00:06:25 Agora vejo aonde vai sua revolução.
00:06:38 Ao desaparecimento do indivíduo,
00:06:41 ...à morte do livre-arbítrio,
00:06:45 ...à mortal debilidade de um estado...
00:06:47 ...que não tem contato com o individuo,
00:06:54 E assim dou meia volta.
00:06:59 Sou um dos que devem ser vencidos...
00:07:02 ...em minha derrota,
00:07:06 ...mas com minhas próprias forças.
00:07:10 Deixo meu lugar...
00:07:13 ...e observo o que se passa
00:07:18 ...observando e anotando minhas observações.
00:07:23 Ao meu redor tudo é calmo.
00:07:32 E quando eu desaparecer,
00:07:35 ...quero que todo vestígio
00:08:29 Simonne.
00:08:32 Porque está escurecendo tanto?
00:08:36 Dê-me um pano fresco para cobrir minha frente,
00:08:39 Não sei se estou congelando
00:08:44 Chame Bas para que possa ditar-lhe
00:08:47 Minha mensagem ao povo da França.
00:08:51 Onde estão os meus papéis?
00:08:54 - Porquê está escurecendo tanto?
00:08:59 Onde está a tinta?
00:09:03 Aqui está sua pena.
00:09:05 Aqui está a tinta, em seu lugar de sempre.
00:09:08 Era apenas uma nuvem escondendo o sol,
00:09:15 Estão queimando cadáveres.
00:09:24 "Pobre Marat, te perseguem
00:09:27 "Os cães te buscam
00:09:31 "Ontem sua prensa foi destruída"
00:09:35 "Agora perguntam pelo seu paradeiro"
00:09:40 "Pobre velho Marat
00:09:43 "Te perseguem..."
00:09:46 "Os sabujos estão te farejando
00:09:49 Por toda a cidade"
00:09:53 "Pobre Marat, confiamos em você"
00:09:56 "Trabalha até que seus olhos
00:10:00 "E enquanto escreve,
00:10:03 "As botas sobem os degraus,
00:10:09 "Pobre velho Marat
00:10:13 "Confiamos em você
00:10:15 "Trabalha até que seus olhos
00:10:19 fiquem vermelhos
00:10:23 "Pobre Marat, cremos
00:10:28 "Em você"
00:10:53 "Reivindicamos nossos direitos
00:10:56 "Pouco importa como
00:11:01 "Queremos nossa revolução
00:11:07 "Já"
00:11:20 Agora que esclarecemos
00:11:25 ...vejamos o lado positivo.
00:11:29 Vocês se recordam deste casal
00:11:32 Ela e seu belo penteado
00:11:35 ...e seu rosto misteriosamente, pálido
00:11:37 ...a marca de uma lágrima fazendo brilhar seus olhos...
00:11:40 Seus lábios...
00:11:42 ...sensuais e maduros...
00:11:45 ...que parecem pedir
00:11:48 E seus abraços para mostrar sua afeição.
00:11:53 Vejam como se move
00:11:58 E como seu coração bate
00:12:02 Observemos a doce união
00:12:06 ...antes que suas cabeças
00:12:28 "em que o homem viverá
00:12:32 "em harmonia consigo mesmo
00:12:36 "e com seu próximo"
00:12:43 "Haverá um dia
00:12:46 "em que a sociedade despenderá toda
00:12:51 "na qual cada indivíduo
00:12:54 "obedecerá somente a si mesmo
00:13:10 "Uma sociedade na qual
00:13:16 "Todo homem terá
00:13:20 "o direito
00:13:23 "de governar
00:13:27 "a si mesmo"
00:13:30 "Haverá um dia
00:13:33 "Uma constituição na qual
00:13:36 "Estarão sujeitas a uma ordem superior,
00:13:39 "independentemente de suas faculdades
00:13:42 "recebam sua parte justa legalmente"
00:13:54 Não pensem que podem vencê-los
00:14:01 Não se enganem...
00:14:02 ...quando nossa revolução
00:14:06 ...e que lhes disserem
00:14:10 Mesmo se não puderem ver a pobreza,
00:14:14 ...ainda que tenham mais dinheiro
00:14:17 ...mais coisas novas e inúteis...
00:14:20 ...ainda que lhes pareça
00:14:25 ...este é apenas o lema daqueles que
00:14:30 Não se deixem enganar.
00:14:32 Eles lhes dão tapinhas nas costas...
00:14:34 ...e lhes dizem que não há mais desigualdade...
00:14:38 ...e nem razões para lutar.
00:14:42 Se acreditarem neles, eles terão
00:14:45 ...em suas casas luxuosas
00:14:49 ...de onde roubam o mundo...
00:14:51 ...com o pretexto de trazer-lhes a liberdade.
00:14:55 Cuidado, pois assim que o desejarem...
00:14:58 ... mandarão proteger
00:15:02 Liberdade!
00:15:07 As armas desenvolvidas rapidamente
00:15:10 ...serão cada vez mais perigosas...
00:15:13 ...até que possam, com um simples gesto...
00:15:15 ...despedaçar milhões de vocês.
00:15:17 Liberdade!
00:15:29 Aí caído, ferido e inchado...
00:15:32 ...sua frente ardendo, em seu mundo,
00:15:43 Ainda crê que a justiça é possível?
00:15:46 Ainda crê que todos os homens são iguais?
00:15:48 Ainda crê que todas as profissões são igualmente
00:15:58 Como era aquela velha canção
00:16:01 "Um faz melhor que ninguém
00:16:04 "Dois é um massagista
00:16:07 "Três faz um penteado
00:16:11 "Quatro é o criador
00:16:13 "Cinco engana a qualquer um
00:16:18 "Sete sabe cozinhar
00:16:20 "Oito te faz belas roupas
00:16:25 Ainda acredita que esse oito seriam felizes?
00:16:28 se cada um chegasse até certo ponto
00:16:32 Até chegarem à igualdade?
00:16:35 E se todos fossem
00:16:40 Ainda crê que é possível unir a humanidade
00:16:44 quando vê os poucos idealistas
00:16:47 que se juntaram em nome da harmonia
00:16:50 e agora estão em desacordo
00:16:53 e querem matar-se uns aos outros por pequenas coisas?
00:16:55 Mas não são pequenas coisas,
00:17:00 E, freqüentemente, em uma revolução,
00:17:03 e os que creem na causa
00:17:06 Não podemos começar a construir até que
00:17:10 e não importa como isto pode soar
00:17:15 ...jogando com seus escrúpulos.
00:17:18 Escutem.
00:17:27 Podem ouvir através dos muros
00:17:32 Podem ver como espreitam
00:17:35 Esperando uma oportunidade para atacar.
00:17:53 O que houve de errado
00:17:56 Gostaria de saber
00:17:58 Nos disseram que a tortura havia terminado.
00:18:02 Mas todos sabem
00:18:05 -O rei se foi.
00:18:09 -Os nobres estão enterrados.
00:18:13 A segunda visita de Corday.
00:18:21 Agora, Charlotte Corday
00:18:25 É a segunda tentativa.
00:18:34 Veio entregar esta carta, na qual,
00:18:39 Estou insatisfeita e, portanto,
00:18:44 -Tenho direito de ser atendida.
00:18:50 Uma filha de Caen com uma carta.
00:18:53 Para uma petição.
00:18:59 Não permitirei que ninguém entre.
00:19:02 Só nos trazem problemas.
00:19:04 Toda esta gente com
00:19:08 Como se não tivessem nada melhor para fazer
00:19:12 que ser seu advogado e médico
00:19:16 e confessor.
00:19:19 Assim são as coisas.
00:19:22 Assim é como ela vê a sua revolução.
00:19:25 Se estão com dor de dente,
00:19:29 Se a sopa queimou,
00:19:31 Uma mulher acha que seu marido é muito baixo,
00:19:36 Um homem pensa que sua esposa é muito magra,
00:19:40 Os sapatos de um homem estão apertados,
00:19:45 Um poeta perdeu a inspiração,
00:19:49 Por horas, o pescador tentou pescar.
00:19:52 Porque Os peixes não vêm?
00:19:55 E assim se forma a revolução...
00:19:59 ...pensando que a revolução
00:20:02 Um peixe, um poema,
00:20:06 uma nova esposa, um novo marido,
00:20:11 Assim que atacam todos os vilarejos
00:20:16 E aí estão, e tudo continua igual
00:20:21 Os peixes não vêm, os versos não saem,
00:20:25 um companheiro cansado e fedido
00:20:29 ...e a sopa queimada.
00:20:33 E todo esse heroísmo
00:20:39 Podemos contar isto aos nossos netos...
00:20:43 ...se é que teremos netos...
00:20:51 Marat, Marat, tudo é em vão
00:20:54 Estudou o corpo
00:20:58 Em vão gastou suas energias.
00:21:01 Pois como pode um homem curar
00:21:08 Marat, Marat, onde está nosso caminho?
00:21:11 Acaso não é visível de seu banheiro?
00:21:14 Seus inimigos se aproximam...
00:21:17 Sem você, o povo nunca poderá ganhar.
00:21:23 Marat, Marat, pode explicar...
00:21:26 como uma vez, à luz do dia,
00:21:29 Sua doença te emudeceu?
00:21:37 Suas idéias permanecem nas sombras
00:21:43 Agora, chega a noite.
00:22:01 O pesadelo de Marat.
00:22:19 Ele estão vindo.
00:22:21 Escutem eles.
00:22:24 E vejam com cuidado
00:22:30 Sim, ouço... a todas as vozes que já ouvi.
00:22:35 Sim, vejo...
00:22:38 todos os velhos rostos.
00:24:56 Pobre o homem que for diferente
00:24:59 ...que tente romper todas as barreiras.
00:25:02 Pobre do homem que tente incitar
00:25:06 Debocharão dele, será oprimido....
00:25:10 por todos os cegos guardiães
00:25:16 Você buscou ser iluminado e amado,
00:25:19 então estudou a luz e o calor.
00:25:22 Você se perguntou
00:25:26 assim estudou a eletricidade.
00:25:29 Queria saber a razão de ser do homem...
00:25:32 então se perguntou:
00:25:36 Uma lixeira para ideais vazios
00:25:41 e decidiu que a alma
00:25:46 ...e que pode aprender a pensar.
00:25:50 Para você, a alma é algo prático...
00:25:54 ...uma ferramenta para reger
00:25:58 Um dia, veio à revolução
00:26:01 porque você teve
00:26:06 Uma mudança radical nas nossas condições.
00:26:12 E sem estas mudanças
00:26:14 tudo o que tentaríamos
00:26:25 "Marat, somos pobres
00:26:30 "E os pobres continuarão sendo pobres
00:26:36 "Marat, não nos faça
00:26:43 "Esperar mais
00:26:50 "Queremos nossos direitos
00:26:55 "E não nos importa como
00:27:02 "Queremos nossa revolução
00:27:10 "Já"
00:27:48 Agora Marat ainda continua confinado
00:27:52 ...mas os políticos invadem
00:27:55 Marat fala com eles.
00:27:57 Sua última polêmica para
00:28:02 É quase noite.
00:28:07 -Abaixo Marat.
00:28:10 Escutem. Tem o direito de falar.
00:28:11 -Viva Marat.
00:28:13 Longa vida a Danton.
00:28:15 Amigos cidadãos,
00:28:19 ...nossa pátria está em perigo.
00:28:21 De cada canto da Europa, nos invadem...
00:28:23 ...liderados por especuladores...
00:28:25 ...que querem nos sufocar,
00:28:28 E que faremos?
00:28:31 Nosso ministro de guerra,
00:28:34 exportou, por conta própria,
00:28:38 Esse milho agora alimenta
00:28:41 -Mentira!
00:28:42 O chefe militar, Dumouriez...
00:28:43 -Bravo!
00:28:44 ...sobre quem lhes adverti...
00:28:46 ...e a quem tomam como herói
00:28:49 -Vergonha!
00:28:50 Muitos de nossos generais simpatizam
00:28:53 Quando estes regressarem,
00:28:56 -Executem-nos!
00:28:57 -Abaixo Marat!
00:29:00 Nosso leal Ministro de Econômica,
00:29:03 ...emite notas falsas,
00:29:05 ...e desvia uma fortuna
00:29:08 Vida longa à empresa livre!
00:29:11 E me disseram que o astuto Perregaux...
00:29:13 ...agora chefe
00:29:16 ...compactuou com os ingleses
00:29:20 ...estão cheios de renegados e espiões.
00:29:22 -Já chega!
00:29:25 Concordamos em não mencionar
00:29:29 ...já sofridas por esses homens.
00:29:30 Além de tudo, vivemos em 1808.
00:29:33 E hoje, ostentam postos de honra...
00:29:35 ...e cada um foi escolhido pessoalmente
00:29:38 -Prossiga!
00:29:40 -Calem a boca dele!
00:29:42 Nossa pátria está em perigo!
00:29:44 Falamos de França,
00:29:47 Falamos de liberdade,
00:29:51 Membros da assembléia nacional!
00:29:56 Nunca se libertarão do passado!
00:29:59 Nunca compreenderão a agitação social
00:30:03 Porque não há milhares de assentos públicos
00:30:08 O que está tentando fazer?
00:30:10 Olhem o público...
00:30:17 Eles tem a quem ao seu lado?
00:30:18 Ladrões, malandros e parasitas...
00:30:20 ...que perambulam pelas ruas
00:30:24 Ai se pudéssemos...
00:30:26 Prisioneiros à solta, os loucos fugiram!
00:30:30 É com eles que governará nossa pátria?
00:30:33 Vocês são mentirosos. Odeiam o povo.
00:30:36 -É isto aí!
00:30:38 Sempre falam do povo
00:30:41 Porque? Porque não vivem com eles.
00:30:43 Vocês foram arrastados para a revolução
00:30:46 Não disse
00:30:49 ...que ao invés de proibir as riquezas
00:30:52 E Robespierre, que empalidece quando
00:30:56 ...não se senta em mesas de pessoas de alta classe
00:31:02 -Abaixo Robespierre!
00:31:04 Viva Marat!
00:31:06 E ainda assim vocês tentam imitá-los
00:31:08 A esses traidores da revolução
00:31:12 Eu os denuncio.
00:31:13 Denuncio Necker...
00:31:15 ...Lafayette, Talleyrand...
00:31:18 Basta!
00:31:20 Eles são meus amigos e amigos da França!
00:31:23 Se voltar a citar outra caluniosa
00:31:29 ...dou fim à sua peça!
00:31:56 E a todo o resto!
00:31:58 Necessitamos de um verdadeiro
00:32:00 Alguém que seja incorruptível,
00:32:03 As coisas estão desmoronando. Está um caos!
00:32:06 Mas tudo bem. É o primeiro passo.
00:32:08 Agora devemos dar o próximo passo
00:32:13 -Marat para ditador!
00:32:17 Mandem-no para o esgoto!
00:32:18 Ditador de ratazanas!
00:32:20 A palavra ditador deve ser abolida!
00:32:21 Odeio tudo o que implique um amo e um escravo!
00:32:24 Falo de um líder que neste...
00:32:26 Tenta incitá-los de novo
00:32:31 Nós não assassinamos!
00:32:33 Matamos em defesa própria!
00:32:38 Se pudéssemos ter pensamentos
00:32:42 Se a beleza e a concórdia
00:32:44 ...pudessem substituir
00:32:48 Olhem o que está acontecendo! Unam-se!
00:32:53 Desarmem-nos!
00:32:55 Pois se eles ganharem
00:32:59 ...e tudo que foi conseguido
00:33:03 Marat!
00:33:11 Uma coroa de louros para Marat!
00:33:14 Um desfile de vitória para Marat!
00:33:16 Vida longa às ruas!
00:33:18 Vida longa à iluminação pública!
00:33:21 Vida longa às padarias!
00:33:24 Vida longa à liberdade!
00:33:27 "Ataquem aos ricos até vencerem
00:33:29 "Derrubem seus deuses
00:33:31 "Não nos importaríamos em comer
00:33:48 "Pobre Marat sentado em sua banheira
00:33:53 "Sua vida neste planeta está quase acabada!
00:33:58 A morte se aproxima cada vez mais de você
00:34:02 "Ainda que aí,
00:34:12 "Pobre Marat, adormeceu
00:34:17 "Sonhando com chefes de estado
00:34:21 "Quem sabe sua enfermidade desapareça
00:34:26 "Charlotte Corday não te acharia aqui
00:34:37 "Pobre Marat
00:34:40 "Mantenha-se acordado
00:34:44 "E esteja alerta
00:34:47 "Pelo bem do povo
00:34:52 "Olha a luz da tarde minguante
00:34:57 "pois é a tarde
00:35:36 Quem chama, Simonne?
00:35:41 Vá chamar Bas para que
00:35:44 Minha mensagem ao povo da França.
00:35:46 Para que tantas mensagens à pátria?
00:35:49 Já é tarde. Esqueça sua mensagem...
00:35:51 Só contém mentiras.
00:35:54 O que espera ainda da revolução?
00:35:56 Aonde ela vai?
00:35:58 Olhe para estes revolucionários perdidos.
00:36:02 Aonde os levará
00:36:07 Uma vez você falou das autoridades.
00:36:10 ...que convertiam as leis
00:36:14 ...mas como funcionará na nova França
00:36:20 Quer que alguém lhe diga o quê escrever?
00:36:22 Que lhe diga que trabalho deve fazer?
00:36:25 E repita as novas leis
00:36:28 ...até que possa recitá-las dormindo?
00:36:31 Porquê tudo está tão confuso?
00:36:35 Tudo que escrevi ou disse...
00:36:38 ...foi considerado e verdadeiro.
00:36:43 Cada argumento fazia sentido.
00:36:48 E agora há dúvidas?
00:36:56 Porquê tudo soa falso?
00:37:08 "Pobre Marat, aí jaz
00:37:12 "Enquanto os outros jogam
00:37:16 "Suas palavras se tornaram uma corrente
00:37:20 "que cobre a velha França
00:37:27 "Pobre Marat
00:37:30 "Aí jaz
00:37:33 "Enquanto outros jogam
00:37:37 "a sorte da França
00:37:42 "Pobre Marat
00:37:44 "Marat, jaz prostrado"
00:38:03 Corday.
00:38:05 Acorde.
00:38:20 Tem uma tarefa a cumprir
00:38:26 Desperte e levante-se, Charlotte Corday.
00:38:29 Tome o punhal em suas mãos.
00:38:36 Vamos, Charlotte, cumpra sua tarefa.
00:38:39 Logo poderá dormir o quanto quiser.
00:38:50 Agora sei o que sente...
00:38:53 ...quando cortam sua cabeça.
00:39:01 Neste momento...
00:39:05 ...mãos atadas às costas,
00:39:09 ...pescoço nu, cabelo cortado,
00:39:12 ...a cabeça na ranhura metálica...
00:39:14 ...olhando para baixo,
00:39:17 ...o som da lâmina ao levantar-se...
00:39:19 ...e o sangue que ainda escorre
00:39:23 E logo cai de novo
00:39:29 ...em dois!
00:39:40 Dizem que a cabeça
00:39:46 ...ainda vive...
00:39:49 ...que os olhos ainda vêem...
00:39:52 ...que a língua ainda se move...
00:39:56 ...e que, debaixo...
00:39:58 ...os braços e as pernas...
00:40:02 ...ainda...
00:40:05 ...tremem.
00:40:12 Desperte de seu pesadelo.
00:40:14 Desperte e olhe as árvores.
00:40:16 Olhe para o céu cor-de-rosa
00:40:21 esqueça seus problemas, não se preocupe
00:40:23 ...e inspire o calor do ar de verão.
00:40:25 O que esconde? Um punhal. Jogue-o.
00:40:29 Todos deveríamos portar armas
00:40:33 Ninguém te atacará.
00:40:35 Jogue-o. Vá. Volte a Caen.
00:40:40 Em minha casa de Caen...
00:40:44 ...na mesa,
00:40:47 ...encontra-se o livro de Judith.
00:40:51 Vestida com sua beleza lendária,
00:40:56 ...entrou na barraca do inimigo...
00:40:59 ...e em um só golpe o matou!
00:41:03 O que planeja?
00:41:08 Olhe esta...
00:41:12 ...cidade.
00:41:15 seus presídios estão cheios
00:41:21 Estava com eles agora em meus sonhos.
00:41:25 Estão de pé, juntos,
00:41:30 ...os guardas falando de execuções.
00:41:38 Falam de gente...
00:41:42 ...como os jardineiros falam
00:41:49 Seus nomes...
00:41:51 ...são colocados em uma lista.
00:41:55 E à medida que a lista vai ficando mais curta,
00:41:59 Estive com eles...
00:42:01 ...e esperamos que dissessem
00:42:12 Vamos juntos esta tarde.
00:42:31 Que...
00:42:34 ...tipo de cidade é esta?
00:42:37 Que tipo de rua é este?
00:42:43 Quem inventou isto?
00:42:45 Quem tira proveito dele?
00:42:49 Vi vendedores em cada esquina
00:42:52 Estão vendendo pequenas guilhotinas
00:42:57 ...e bonecos preenchidos com um líquido vermelho......
00:43:01 ...que sai do pescoço
00:43:09 Que tipo...
00:43:13 ...de crianças...
00:43:16 ...são estas...
00:43:19 ...que podem brincar com este brinquedo
00:43:22 ...tão...
00:43:25 ...eficazmente?
00:43:34 E quem está julgando?
00:43:38 Quem está julgando?
00:43:42 O que você quer aí na porta?
00:43:47 O homem que procuro.
00:43:50 Mas o que quer dele? Dê meia volta!
00:43:55 Tenho uma missão...
00:43:59 ...que devo cumprir.
00:44:03 Vai!
00:44:09 Deixa-me em paz!
00:44:14 Agora vem pela terceira vez
00:44:17 a menina que faz o papel
00:44:20 ...de pé diante da porta de Marat
00:44:24 Duperret está lânguido diante dela...
00:44:26 ...prostrado pela angústia
00:44:28 Até sua dor,
00:44:32 ...não podem evitar sua ação.
00:44:34 Pois o que já passou
00:44:36 ...ainda que fosse
00:44:39 Ele tentou detê-la com um sono tranqüilo,
00:44:42 ...oferecendo uma paixão ainda mais profunda.
00:44:44 Simonne também tentou
00:44:47 ...mas esta menina
00:44:50 Este homem fica esquecido
00:44:54 Corday está centrada neste homem.
00:45:01 Não.
00:45:04 Estou certo...
00:45:07 ...e direi de novo.
00:45:12 Simonne, chame Bas.
00:45:16 É urgente.
00:45:18 Minha mensagem.
00:45:20 Marat.
00:45:22 Que são todos os seus panfletos e discursos
00:45:28 Ela está aqui e vai se aproximar
00:45:33 Uma virgem imaculada que está diante de você.
00:45:38 ...e se oferece a você.
00:45:42 Veja como sorri,
00:45:46 ...como se move seu cabelo escuro a um lado.
00:45:49 Esqueça o resto.
00:45:52 Não há nada mais importante
00:45:56 Ela está aqui...
00:45:58 ...seus seios desnudos
00:46:02 ...e talvez leve uma faca
00:46:07 Quem está na porta?
00:46:09 Uma donzela da área rural de um convento.
00:46:13 Imagina...
00:46:14 Essas meninas puras em roupas do interior
00:46:18 ...o ar cálido do campo...
00:46:19 ...abrindo caminho até elas
00:46:22 Imagíne deitada aqui...
00:46:27 ...com suas coxas úmidas e seios...
00:46:29 ...sonhando com aqueles
00:46:33 ...no mundo exterior.
00:46:36 Logo se cansou de seu assilamento,
00:46:39 ...e foi arrastada pela grande maré...
00:46:42 ...e quis ser parte da revolução.
00:46:47 Mas que sentido tem a revolução...
00:46:52 ...sem a copulação básica?
00:46:55 "E que sentido tem uma revolução
00:46:58 "sem a básica
00:47:00 "Básica copulação,
00:47:28 Quando estive 13 longos anos
00:47:31 ...aprendí que este
00:47:36 ...cada corpo latejando
00:47:39 Cada corpo só e destrossado
00:47:44 Nesta solidão,
00:47:49 ...escuta os lábios
00:47:52 ...e sentia todo o tempo...
00:47:55 ...nas palmas das mãos e em minha pele...
00:47:58 ...a necessidade de contato.
00:48:03 Encarcerado atrás de 13 portas,
00:48:08 ...sonhava só com os orifícios do corpo...
00:48:13 ...postos ali para que um pudesse
00:48:20 Continuamente sonhei
00:48:24 E era o sonho mais selvagem,
00:48:34 Estas células do nosso interior...
00:48:37 ...são piores
00:48:41 E enquanto estiverem debaixo
00:48:44 ...toda a sua revolução não é mais
00:48:50 ...que será suprimido
00:48:57 "E que sentido tem uma revolução
00:48:59 "Sem a básica
00:49:02 "Básica copulação,
00:49:29 Terceira e última visita de Corday!
00:49:52 Deu minhas carta a Marat?
00:49:55 Devo lhe contar sobre a situação em Caen...
00:49:58 ...aonde estão reunindo para destruí-lo.
00:50:01 Quem chama à porta?
00:50:03 A jovem de Caen.
00:50:09 Deixe-a entrar.
00:50:32 Marat?
00:50:35 Te direi o nome de meus heróis...
00:50:39 ...mas não estou os traindo...
00:50:43 ...pois estou falando com um morto.
00:50:46 Fale mais claramente.
00:50:49 Chegue mais perto.
00:50:53 Os nomes...
00:50:56 Nomes!
00:51:08 Os nomes daqueles
00:51:13 Entre eles estão...
00:51:17 ...Barbaroux e...
00:51:22 ...Buzot e...
00:51:24 ...Pétion e Louvet e...
00:51:28 Brissot e Vergniaud e...
00:51:33 ...Gaudet e...
00:51:35 ...Gensonné!
00:51:41 Quem eram?
00:51:44 Chegue mais perto.
00:51:55 Eu estou indo.
00:52:03 Não pode me ver porque você está...
00:52:08 ...morto.
00:52:09 Bas, anote isto:
00:52:13 Uma mensagem ao povo da França.
00:52:20 Agora é parte da obra de Sabe...
00:52:22 ...que a ação é cortada, assim o homem...
00:52:25 ...pode ouvir e arfar seu último suspiro...
00:52:27 ...ao ver como o mundo seguirá
00:52:30 Com uma história musical,
00:52:33 de 1793 até 1808!
00:52:45 "Agora seus inimigos caem,
00:52:49 "Duperret e Corday foram executados
00:52:53 "Robespierre deve seguir,
00:52:56 "Este se foi na primavera,
00:53:00 "Três rebeliões em um ano,
00:53:04 "Os infelizes aprenderam a sua lição
00:53:08 "Há escassez de trigo, mas estamos
00:53:12 "Austria se quebra
00:53:16 "Quinze gloriosos anos
00:53:19 "Anos de paz, anos de guerra,
00:53:23 "Quinze gloriosos,
00:53:27 "Marat, sigamos em marcha
00:53:31 "Quais soldados mais valente teríamos,
00:53:35 "Os generais tomam o poder
00:53:39 "O Egito foi arrasado, Bonaparte disse isso
00:53:43 "Os elogios mesmo se retiram
00:53:47 "Bonaparte volta,
00:53:51 "É o homem valente e sincero,
00:53:54 "Europa soltou os cachorros,
00:53:58 "Mas queremos que cesse a guerra
00:54:02 "Quinze gloriosos anos,
00:54:06 "Anos de paz, anos de guerra,
00:54:10 "Quinze gloriosos,
00:54:14 "Marat, sigamos em marcha
00:54:18 "Inglaterra deve estar louca,
00:54:22 "Então marchamos para a guerra,
00:54:26 "Nelson aborrece a nossa frota
00:54:30 "Estamos lá em cima, é verdade,
00:54:34 "Agora os prussianos se retiram,
00:54:38 "Todo o mundo dobra os seus joelhos
00:54:41 "Luta na terra e no mar,
00:54:45 "E se não querem, não importa,
00:54:51 "Quinze gloriosos anos,
00:54:55 "Anos de paz, anos de guerra,
00:54:59 "Quinze gloriosos,
00:55:03 "Marat, sigamos em marcha
00:55:07 "atrás de Napoleão
00:55:11 "Quinze gloriosos anos,
00:55:15 "Anos de paz, anos de guerra,
00:55:19 "Quinze gloriosos,
00:56:35 Díga-nos, Monsieur de Sade,
00:56:37 ...o que é que conseguiu
00:56:40 Qual ganhou? Quem perdeu?
00:56:43 Nós gostaríamos de saber o significado
00:56:55 O objetivo principal de nossa obra
00:57:00 ...as grandes proporções
00:57:03 ...ver como funcionam...
00:57:05 ...e deixar-lhes debater.
00:57:11 O proposito?
00:57:12 Iluminar um pouco nossa eterna dúvida.
00:57:18 Manipulei o argumento
00:57:22 ...e não pude achar um final
00:57:27 Marat e eu estamos a favor da força...
00:57:31 ...mas em um debate,
00:57:35 Ambos queríamos trocar...
00:57:37 ...mas as suas idéias e as minhas
00:57:40 ...nunca puderam coincidir.
00:57:42 Por um lado...
00:57:44 ...está o que crê que podemos melhorar
00:57:51 Ou o que se submerge à imaginação...
00:57:56 ...buscando a aniquilação pessoal.
00:58:02 Assim que para mim,
00:58:08 Me resta uma pergunta
00:58:32 "E se muitos tem pouco
00:58:35 "Poucos tem muito
00:58:38 "Podem ver que muito longe
00:58:41 "Estamos de nossa meta
00:58:43 "Podemos decidir o que queremos
00:58:50 "E o que não podemos decidir
00:58:59 "E ainda que estejamos encarcerados,
00:59:05 "E a honra da França
00:59:08 "Está eternamente a salvo
00:59:11 "O debate inútil, a luta política
00:59:17 "terminou, há um homem
00:59:26 "pois ele nos ajuda..."
00:59:28 Não! Por que temos que dizer a eles?
00:59:34 Me escutem.
00:59:35 Escutem!
00:59:38 Marat morreu por vocês!
00:59:42 Eles o martirizaram!
00:59:44 Pronto, martirizaram a ele!
00:59:48 Quando aprenderão a tomar partido?
00:59:51 Quando aprenderão a se rebelar?
00:59:56 De Sade, me escute!
01:00:01 Quando aprenderão a se rebelar?
01:00:04 "Uma vitória aqui, uma vitória lá
01:00:09 "Invenciveis, gloriosos
01:00:12 "Sempre vitoriosos
01:00:15 "Pelo bem de toda a gente
01:00:17 "Em toda a parte"
01:00:24 Charenton!
01:00:29 Napoleão!
01:00:45 Pátria!
01:00:54 Soltem-me